terça-feira, 16 de julho de 2013

Sobre os protestos no casamento de neta de Jacob Barata em 14 de julho

Na boa mundo, que se f#*;@ a festa de casamento da Baratinha! Não existe nenhum mal no protesto no casamento, ainda que essa seja uma festa da vida privada. Protesto nos casamentos dessas pessoas não é NADA! Protesto bem-humorizadíssimo por sinal. Protestos recheados de criatividade e simbolismo. Um dos símbolos aliás, é a referência histórica, dos protestos no casamento terem ocorrido na madrugada de 14 de julho. Data da Tomada da Bastilha, tomada de poder pelo povo e pela burguesia na Revolução Francesa. Revolução que cuminol na elaboração constituinte do primeiro documento de Direitos Humanos. 

E será constrangimento é ter um casamento marcado por protestos? Constrangimento é o empurra-empurra diário nos ônibus lotados, os assédios propícios no transporte público, as condições de trabalho nesse setor, a dupla-função motorista cobrador que exige o raciocínio matemático, a manipulação de dinheiro e a direção, tudo ao mesmo tempo, colocando a vida de milhares de usuários e trabalhadores do transporte público em risco todos os dias. O motorista que trabalha horas sem poder ir ao banheiro, isso é constrangimento! Que se foda o casamento do opressor, a vida privada dele tem mais é que ser interditada pela revolta que ele provoca. 

O corrupto, opressor, têm que se constranger por viver de reproduzir práticas de opressão, exploração e violação. Ele é responsável por um modelo de sociedade excludente. Se ele restringe a vida e não tem pudor em restringir os espaços sociais das camadas dominadas, que invertemos a ordem restringindo também o seu espaço ué! Que seu posicionamento de dominação restrinja por uns momentos a sua liberdade, assim como restringe a nossa todos os dias. O mínimo que o opressor tem é que se constranger-se!

Isso tudo refletindo sobre as ações, sem levantar os fatos da violência sofrida na manifestação por parte dos convidados do casamento, que ridicularizaram e xingaram e entraram em embate físico com puxões de cabelo e socos na barriga dos manifestantes. Sem esquecer de apontar o caso emblemático de um cinzeiro de vidro que voou da sacada do hotel, atingindo a testa de um manifestante, morador do Complexo do Alemão (apenas uma informação para os que dizem que a manifestação foi exclusiva de moradores da zona sul de classe média, como já li pela internet) e ferindo-o. A polícia, que estava no local contendo a manifestação, se recusou a entrar no hotel para apurar o crime de agressão em flagrante. Apenas um policial e um advogado tentaram entrar para identificar daonde e quem era responsável pelo ataque, e foram impedidos pela segurança do Hotel. 

Além dos ataques físicos, aviõezinhos de notas de R$20 e camarões foram atirados à manifestação, principalmente pelo garoto identificado como Daniel Barata, neto de Jacob Barata, também suspeito pela atirar com o cinzeiro. Os primeiros arremessos foram assumidos pelo garoto com pedidos de desculpas. O mais grave foi negado por ele em sua página da rede social.

Fora confrontos incitados por convidados, a manifestação também sofreu brutalidade do instrumento de repressão do Estado, a PM e o contingente do Choque, sobre os gritos da elite de "vai choque", em violação clara ao direito a manifestação e proteção aos interesses privados. Logo eu pergunto, HONESTAMENTE: com toda violência que a manifestação no casamento de Beatriz Barata com Francisco Feitosa sofreu, resultando em FERIDOS, o discurso que você vai sustentar é o senso comum do direito ao casamento "sem confusão"? Se é, existe um grave erro de formulação e percepção da opressão aí. Se entre um ataque subjetivo e simbólico, e uma violência física óbvia, e o que mais te incomoda é o primeiro, você não está zelando pela vida, nem pela liberdade e tão pouco pela opinião. Está defendendo os interesses privados de personagens magnatas que exploram sem pudor e esquecendo dos interesses populares, dessa massa diariamente oprimida, em função desses personagens. É do lado deles que vai te gerar empatia? Eles merecem essa sua empatia?

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