segunda-feira, 27 de maio de 2013

Eu preciso do feminismo!

Sobre o movimento virtual intitulado "Resistência Anti-Feminismo Marxista" (Marx???) rolando nas redes sociais, com apoio de alguns perfis como Bolsonaro Zueiro, onde mulheres estão se fotografando com cartazes anti-feministas, e muitas vezes pró-opressão de gênero. Usam frases de cunho machista, que de tão absurdas quase não merecem nossas atenções, como "vão lavar a louça". Sendo homens, e normalmente anônimos que se utilizam comummente deste tipo de "argumentação", acho desprezível, porém ignorável. Sendo mulheres, que estão expondo suas caras, para se dizerem anti-feministas, e mandarem mulheres feministas "lavarem louça", acho que o assunto merece certo destaque.



Sobre o repetido dizer: "eu não preciso do feminismo", "ideologia" do "movimento". Tudo bem, ok!

Se não precisam do feminismo, então fiquem em casa, aceitem casamentos arranjados, obedeçam seus pais, ajudem suas mães nos serviços domésticos para serem mulheres prendadas e arranjarem maridos. Depois de casarem, continuem cumprindo as OBRIGAÇÕES do lar, e aceitem a prisão domiciliar enquanto seus DONOS as sustentam. Mas limpem, passem e cozinhem, tudo bem direitinho, por que se não ele vai ter direito de urrar e te dar uma surra. Aceitem qualquer investida sexual, mesmo que vocês não estejam com desejo. A mulher tem que entregar o corpo para o seu homem, mesmo que não esteja com tesão. Alias, tesão não é coisa para mulher. Mulher tem menos apetite sexual que homem, e só goza se estiver apaixonada. Sexo é meramente reprodutivo, e você tem que constituir uma família tradicional, portanto nada de se "desonrar" por que nenhum homem quer uma mulher sem vergonha. E se acaso você um dia trair, aceite que seu marido pode te dar um tiro para "lavar a honra" dele, de forma totalmente impune, porque é "passional", e lavar a honra contra uma mulher "imoral e pervertida" é um direito do homem. DE MODO ALGUM alimente a ambição de estudar, ter formação em alguma profissão, porque mesmo que você complete sua formação, seu marido não vai deixar você trabalhar fora de casa. Onde já se viu mulher "vadiando" fora de casa! Nas noites em que ele estiver com prostitutas, chore de raiva, mas quando ele chegar, não esqueça de não demonstrar, e não deixe que passe pela sua cabeça pedir para se separar. Não existe espaço na sociedade para mulheres "que não sabem segurar um homem". Se ele frequentava bordéis, a culpa era sua! 

Ah, O MAIS IMPORTANTE: NÃO se interesse pela vida pública, nem por política! Isso é assunto de homem. 

Pronto, se você quiser, e conseguir seguir todas essas etapas, sorridente e cordial

VOCÊ NÃO PRECISA DO FEMINISMO. 

Parabéns linda, você é uma mulher prendada, de honra e de família... 

...eu não. Parei na primeira de todas as regras desse conceito de mulher, e sem cumpri-la. Sou ousada, vadia, sem vergonha, sem honra, sem respeito, sem modelo, sem "educação", SEM PRISÕES. Leio muito (!), discuto política(!), faço sexo com quem eu quero a hora que eu quero(!), não obedeço ordens de ninguém(!). Gasto minhas mãos mais escrevendo do que lavando louça, e PIOR, não tenho modos para me vestir, nem para sentar. Uso sutiã aparecendo, e sento muito desleixada, normalmente com as pernas muito abertas. Se for para me sentir bem, faço depilação total, ou fico toda cabeluda (até nas axilas!ó!), deixo a cara limpa ou me pinto "que nem uma puta", EU que resolvo! E adivinhe? Escolhi ser ATRIZ! Profissão que é quase igual a puta, né mesmo? 

Aceito toda a discriminação que AINDA existe com uma mulher livre, que luta, que ama, que é visceral e independente. Mas contra ela, e contra ações de violência física e moral que insanos se utilizam insanamente do meu comportamento para justificar, 

EU PRECISO DO FEMINISMO! 

Uma mulher NÃO TEM que se dar o respeito, TEM que ser respeitada acima de tudo! Acima do seu conceito de comportamento e imoralidade. Por que tem algo de muito errado em um mundo onde existem condições para nos respeitarmos.

Saudações feministas, 
ou "feminazis" se preferir. 
Eu sinceramente não me importo. Só lamento.

Para fechar, uma fotinha minha super ultra "feminazi" dando pinta de cabeluda descompensada na webcam, com sutiã aparecendo, enquanto as louças estão na pia. Quanta imoralidade num ato só!

EU PRECISO DO FEMINISMO


domingo, 19 de maio de 2013

Como se alimentar da utopia, e ultrapassar suas barreiras para atingir metas de transformação social reais.


A quem quer que pense que pequeninas transformações sociais são instrumentos, e não representam nada, na medida que não ferem o sistema de maneira ampla, integral, eu lamento. Acredito nas transformações sociais de pequeno, médio e longo "porte". A "revolução" não é essa onda violenta e arrebatadora que arrasta multidões e transforma claramente a sociedade. Isso é uma ideia tão utópica, quanto irreal. A revolução é singela, e está ao nosso alcance. Ela diz respeito a luta e conquista de direitos e quebra de paradigmas sociais aparentemente pequenos, mas que transformam vidas. 

O capitalismo não acabou. O socialismo não deu certo. E ainda que reinventássemos um novo sistema econômico, ele poderia ser falho. Mas existem fatores sociais que já sabemos, não podem ser reproduzidos em nenhum modelo social, seja ele qual for. A partir do momento em que não deixaremos de ser capitalistas amanhã, que pelo menos deixemos pouco a pouco, de abafar a existência da homossexualidade, de matar e oprimir mulheres, de segregar pessoas por cores de pele e poder de consumo. 

A tentativa de imposição de um sistema não-capitalista foi historicamente desastrosa. Já transformações sociais aparentemente muito menores, tem efeitos muito mais precisos nas nossas vidas. Se hoje eu, mulher, vou a universidade, ando sozinha, visto a roupa que adequar ao clima, compartilho aulas com colegas de diversas cores, levanto a opinião que eu tiver, e tenho amigos e parentes homossexuais que podem falar e VIVER suas orientações, isso me parece MUITO mais válido, e material, sadio e valioso, do que a ideia de uma onda que nunca veio, que nos arrastaria para um mundo de igualdade social plena. 

É claro que seguirei idealizando-a. Acreditando na vida humana sem segregações. Mas o que acontece de forma quase imperceptível, a opinião pública que se modifica e progride de forma sútil ao longo do tempo, ainda me parece muito mais eficiente na prática. Basta levantarmos análises históricas e refletirmos nossa vida pública atual.

O nosso sistema econômico mata? Sim. O nosso sistema econômico segrega e não permite a inclusão de todos? Sim. A nossa relação com o material está em jogo a medida que o planeta é finito e estamos tratando-o como descartável e infinito e por isso o sistema, além de excluir pessoas, mostra-se insustentável? Sim. Sim. Sim. Todas essas questões estão corretas. 

Mas ainda sim, existe um sistema vigente de amplitude arraigada e praticamente imbatível, que para além de segregar e matar pelo sucesso da cadeia econômica em si, segrega e mata por conceitos que em nada interferem no sucesso desse modelo. Essa segregação e violência, é de todas, a mais passível de ser combatida. A eliminação do preconceito social, da opressão que não interfere amplamente no sistema social, é possível, e para ontem! Se pensarmos globalmente, e nunca seguirmos a partir desses pensamentos, estaremos cuspindo filosofia barata, que não transforma vidas.

Homens, mulheres, pessoas supostamente inclusas no sistema econômico, ainda sim podem estar excluídas do modelo social. As instituições família-escola-religião nos apresentam um modelo de inclusão no sistema, mas se você não preencher seus insanos e inesgotáveis pré-requisitos, também será excluído, e não viverá uma vida de liberdade plena. Se não soubermos pegar ideia de transformação gerais, e aplica-las de forma simplificada, detalhada, local, elas vão para a lata do lixo. 


A transformação para uma nova consciência social está ao alcance de quem detém o conhecimento, e dispõe da boa vontade de apresenta-lo a quem não tem acesso, por meio da interação. Isso  se chama inclusão. Isso é transformador. Isso é libertador. Interagir localmente, e apresentar alternativas de vida à pessoas que nunca tiveram acesso a esses outros modelos de vida é um trabalho sublime. É uma realização da razão, em detrimento de uma melhoria real. Apresentar e distribuir culturas de subsistência, projetos de sustentabilidade, esperança e transformação, risos, troca, e manifestações artísticas, isso é transformação social! 

Isso é revolução de consciência! A consciência coletiva se altera pouco a pouco, se lapida. Mas acredito que chegamos a um nível de sermos tão, tão marionetizados, que até nós, que temos o privilégio do acesso a informação, que somos supostamente "esclarecidos", já estamos negando as possibilidades de transformação social tão suscetíveis a realização. O monstro que assimila, assimilou até a ideia de esclarecimento, e elevou-a a um nível de estarrecimento que provoca o ócio. 

E nada se altera. 

Por que é assim que ele quer.

domingo, 5 de maio de 2013

A paixão é um cinema.

Ops, o cinema é uma paixão.

Uma paixão da qual eu quero viver, para a qual quero me entregar, me inventar e reinventar, me fazer manifestar e ser ouvida. É a arte que me transporta, que me transborda, e que faz minha fantasia possível de viver dela, um risco gostoso de enfrentar.

A partir disso trago aqui algo do qual me orgulho. Pessoas muitos jovens, muito queridas e muito dedicadas, manifestando-se concretamente, onde hoje ainda moro no desejo. No cinema!

Minha queridíssima, de talento super prodígio, colega de turma do curso de Artes Cênicas, Malu Stanchi estrelando um triller.

Sempre dedicada, mais profissional do que pessoas com o dobro de sua idade, e de atuação sempre precisa e pungente. Malu me surpreendeu desde sua primeira fala em sala de aula, e Malu me surpreende desde então.  Em sua primeira cena da faculdade, e novamente em seus exercícios de interpretação em sala, e em sua participação na novela "Aquele Beijo", e em sua interpretação madura e intirável de Blanche, personagem "nada complexo" de Tennessee Williams". Por mais que já seja perita em saber de seu talento Malu nunca deixa de me surpreender. Malu é doce, infantil, sedutora, louca, madura, o que você quiser. Sua maturidade cênica é realmente incrível. Malu é sempre uma surpresa gostosa e um orgulho.

Malu, obrigada por ser uma amiga tão cativante como você é como atriz.

E fiquem aqui com o filme:

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=61--bDIlazY#!

Mas o post não para por aí, pois a lista de amigos talentosos pelo visto não para.

Gava Muzzer é um dos amigos mais leves, pré-dispostos, pacífico, com sede de viver de forma harmoniosa e de aceitação pelo mundo. Doce, carinhoso, e uma das pessoas mais naturalmente humildes que já conheci. Toda essa humildade vem por que Gava tem um estilo próprio de levar a vida sempre como aprendiz. Uma fotografo de uma sensibilidade fluente, pulsante. Seu cinema não podia ser mais reflexo de sua personalidade.

Gava, não sei o que tenho para te oferecer, mas sinto que tenho muito a aprender com a sua forma de encarar o mundo e a arte.

É com carinho que compartilho com vocês essa belíssima experiência cinematográfica de meu querido (também muito jovem) amigo Gava:

 http://www.youtube.com/watch?v=Q-D06cybv-0

Ao observar pessoas tão próximas, se arriscando a tais desempenhos, sinto que muita coisa boa está por vir.

Termino esse post com o trecho de uma música que da sentido a tudo isso.

"O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
E sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, da dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
(...)
É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos"