quinta-feira, 4 de março de 2010

Não me importa

Sinalizo prostestos
Marco revoltas
Racionalizo futuras reivindicações (que nunca faço)
Acabo ociando

Não dou para trás
Só não vejo desígnio

Sou mãe do mundo
e filha também
Não me importa sua úlcera
Pari ele,
e fui parida
Então pacifico-me, perdo-o

Mundo,
todos os seus erros, sua ação ruim, não me importam
Prefiro nem saber

Sabe como é
é essa coisa de Mãe.

WHEN I WAS SEVENTEEN (quando eu tinha 17)

ou Diário do supérfluo internacional

Para quem no sabe, virei gringa. E de acordo com Zachinho (Zach Condon, beirut, vocalista)  longe de casa, temporada de caça. Tudo muito, muito, muito mais árduo (hard). E sigo aqui os conselhos do meu recém chegado da Europa (porém ainda desinteressante) Lucas "tenha sempre uma caneta em mãos QUE FUNCIONE" (! para não passar desespero)


Dublin - Irlanda
(porrrrrra de lugar frio) Nunca compreendi Jorge Ben tão bem!

A versátilidade das reticências

Não, nem é poema nem nada
Só queria falar que acho as reticências muito versáteis
Só isso.
Pensem nisso...

Vamos brincar!

para topo (peixe)
top-eixe,
tô peixe,
tô podre?

Pontuando e conjugando
Ponto, ando
.....................................
e Com, julgando.
O Ponto é atleta
Acordei meio ele, e fui por aí...
Ahhhh
e o Com é fofoqueiro.


(de praxê)
Carolina também é bom
Carol, linda.
Cara e linda.
Carolina,
prostituta de luxo.


Maconha.
Má cunhada:
Namorada do seu irmão de má índole.


Verde.
Ver-te
Te ver de verde,
diverti.


Batuque.
eu bato, que;
produz som.


Dobradura.
Dobra dura:
Origami de aço.
eu asso; mas bolos, não passáros.


Mulher.
- Múúúú
ler.
Vaca intelectual.


Cabelo.
Cá, belo:
um K bonito.


Sono.
Só nó:
 Tricô.

Sapato
Sá e o pato
Roberta, Estácio ou Men (não importa) E
um cisne feio.










quarta-feira, 3 de março de 2010

Racionalizando estrofes

Materializo pensamentos em verso.
Não esponho, desabafo
sem maior preocupa estrutural,
nada genial.
Carencio poetizar
e não ambiciono qualidade
por isso, rimo minha poesia toda
com verdade.

FEVEREIRO


Ao fim desse mês concluo
o que entendo é
eu só falo a língua do carioca
e do amor
as demais, eu apenas me esforço para.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Aonde me encontrar em vida

Em todo sentimento do mundo eu caibo
Mas na angústia sou amputadada, na dor abnegada
Na agônia peço aposentadoria
Em todo sentimento do mundo eu caibo
Mas só no amor me arraigo

Diana Lhama


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Reprimir-se por cautela é contra indicado.

Têm palavras que não têm desculpas. Têm palavras que não são desculpas. Toda insegurança deve ser compreendida. Mas nem por isso me valem meia dúzia de argumentos inválidos. Invalido-os. Já parou para pensar que todo passo é tropeçável? Antes de ser um movimento progressivo de pés e pernas, nosso andar é proveniente das atividades da caixa craniana, especificamente dos campos de associação e projeção motora do cérebro. Ou seja, enquanto realizamos uma trivial caminhada, milhões, bilhões de neurônios trabalham no comando e no planejamento da nossa locomoção.

E apesar do excêntrico e extraordinário desempenho cerebral, nem mesmo ele está sujeito ao impecável. O cérebro não prevê objetos que fogem a nossa ótica interrompendo um caminhar. É assim que uma irrelevante marcha pode ser uma absoluta fatalidade. Tropeços e tombos são irremediáveis. Há casos de pessoas que sofreram fraturas expostas, coágulos e traumatismo craniano simplesmente por estarem andando. Meu próprio irmão teve o fêmur dicotômico de uma cabeça à outra do osso, logo após completar duas semanas que havia dado seus primeiros passos. Não foi um trauma de fácil superação e tudo por uma pequena poça escorregadia no corredor.

A vida é feita de fases, interromper uma delas pode acarretar em muitos problemas. Depois de se recuperar, João teve que reiniciar um dos processos fundamentais na história da sua vida. O atraso que ele teve nesse processo implicou no atraso de todos os que se seguiam. Vê-se que até sua fala ficou notavelmente prejudicada, quando sabe que ela só se deu após 4 anos de idade completos, e muito auxílio fonoaudiólogo.

Hoje, nem por isso ele deixa de executar essas atividades básicas. É como se diz, tropeço? Caiu? Levanta. Seguir é fundamental. Reerguer-se é um desenvolvimento, se adquire experiência, se ganha maturidade. Nunca se ergue com a mesma postura anterior à queda. Sempre se compra uma ereção maior, e ainda amplia a imunidade para novos declives. Você está mais atento e dar sequência a trajetória se faz necessário.

Não adianta firmar raízes e estagnar a vida, preenchendo-a de monotonia. Não adianta sentir medo, e travar sua jornada. Lembre-se de que o amor deve estar sempre contigo. Aliás, nem deve. Ele está! Não adianta renegar o amor. Evitá-lo, enxotá-lo, ignorá-lo. Ele é insistente, persistente, permanente. Quando gruda não desgruda. Quem sacaneia para mim faz rodeio.

Amor nunca é moderno, nunca é obsoleto. Nem demais, nem de menos. O amor nunca será saudável, nunca será fatal. Não sabe ser imprevisível, e não sabe ser imaginável. Repetindo-me, vou repetir: toda insegurança deve ser compreendida. Afinal de contas: nenhuma confiança é sustentavelmente bastável. Nem em si mesmo. Arrisco dizer que até amizades imaginárias estão sujeitas a traições. A traição está presente nas atitudes mais sutis, até para com nós mesmos. Se já se faz assim tão íntima então por que não estariapresente quando envolve você e mais um, ou mesmo dois (contando contigo)?

Tudo está exposto à algum risco. É verdade. Ser é risco. Dani-se, com risco arrisco estes riscos:
-Morar de frente para a praia é risco de tsunami.
-Comer é risco de engordar.
-Pouca alimentação é risco de se adoentar.
-Morar em montanhas é risco de deslizar.
-Casar é risco de divorciar.
-Beber é risco de se embriagar.
-Arriscar na contramão é risco de riscar o pára-choque.
-Se comprometer é risco de se envolver.
-Socializar é risco de decepção.
-Se afastar é risco de solidão.
-Provar é risco de não gostar.
-Acrescentar é risco de botar demais.
-Economizar é risco de ficar sem gosto.
-Gastar é risco de esgotar.
-Usar maquiagem é risco de exagero.
-Não se cuidar é risco isolamento.
-Olhar no olho é risco de íntimidade.
-Pensar alto é risco de soltar a verdade.
-Escrever é risco de ser clichê.
-Não escrever é risco de se reprimir.
-Pedir é risco de ouvir não.
-Esperar é risco de não chegar.
-Ir atrás é risco de nunca alcançar.
-Cantar é risco de desafinar.
-Editar é risco de perder boas ideias.
-Opinar é risco de causar discórdia.
-Se calar é risco de não reivindicar.
-Dar é risco de desagradar.
-Ganhar de presente é risco de ter que ir à loja trocar.
-Ansiar é risco de agir mal.
-Esperar o tempo é risco de perder o timing.
-Falar é risco de fazê-lo demais.
-Trepar é risco de ser só.
-Andar descalço é risco de pisar em vidro.
-Gravidez é risco de aborto.
-Estar limpo é risco de sujar.
-Conquistar é risco de ser responsável por.
-Fechar é risco de não conseguir abrir.
-Pegar é risco de deixar cair.
-Agir é o risco de não pensar.
-E pensar é o risco de desistir.
-Mudar é risco de ficar pior.
E para terminar:
-Viver é risco de morrer.
-Morrer é risco de, não sei (já é a morte, mas deve haver um risco a mais).

Ficou tonto? Ponto. Pronto. Prometo. Ponho fim aos riscos. Mas não aos rabiscos. Vou dar fim as rimas pobres também. Por favor, não pense em mim como um ser desprovido de medo. Este ser não existe. Se existe não vai bem. Tenho medo de tudo, e todos, mais que todos. Mas ah, que bom que tenho medo! Medo de enfrentar o medo. Arrepiante esta sensação de não saber o que ainda temos para viver, não é? Não é. Insuportável é pensar em já conhecer o que ainda não conhecemos. Tipo, sua vida com aviso prévio. Só de pensar desinteressa. Perde o tesão, a expectativa. Desejo sempre não poder prever. Qualquer imprevisto levaremos no improviso. Fazemos qualquer restauro, remendos. Remendos por inteiro, claro. Não realizo só a metade do que posso. Não faço o que posso pela metade. Vivo de entregar-me por completo. Carrego uma sacola com apetrechos indispensáveis, planos e projetos, medos e desejos, equilíbrio e calma. Não tenho um "R" de romper no nome. Assino com "D" de diferença, e faço. Para todos os campos da minha vida (se quiser olha-la em fragmentos) dou corpo, alma, fé e mente. Mentira não.

Só não me peça para entender pessoas que tem medo de amar. Ou melhor, me peça para entender. Não para aceitar. E eu era quem poderia aceitar. Quem sente é que não. Calma? Essa desculpa não cola, nem corta. Arruma outra, sei lá, desprezo, promiscuidade, infidelidade, falta de afinidade. Falta de vontade mesmo, já está bom, ou quem sabe “nossos sígnos não combinam”? Eu não saberia mesmo. Mas para a infelicidade do seu eu-artista, dissimular não é contigo. O quê buscas com isso tudo, está contrário à tua natureza. A ansieade vale a fuga, a intensidade do poeta não. Se não me quer íntima não me conte tua vida, não me mostre tuas rimas, só me elogie sem roupas e jamais me abrace no sono, nem me escove os dentes. Por favor, não me afaste de você pensando que vai mudar você. Seu olho é no olho, não importa de quem. Contradiz tuas atitudes, revelando teu extinto de sentir. A consciência do medo não vai te matar entregar-se ao domínio dela é que... Entenda que cautela não equivale à covardia. Não se prive daquilo que você não sabe se é bom. Permita a oportunidade de provar. Se gostar, de aprovar. Na vida tudo pode ser balanceado ou evitado com autocontrole. Corrijo: quase tudo.
Se apaixonar não.


Diana Lhama

domingo, 31 de janeiro de 2010

Dispensando minhas habilidades maternas



Me canta em teu colo
Me ensina em cafuné
Me deita teu solo
Me cobre tua fé

Sou pequena para em tuas mãos me perder
Me deixa te dormir, te sonhar e te ler
Sobre mim, vire meu próprio escudo
Protege que eu sou teu erê


Diana Lhama

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Como rebobinar nosso VHS do tempo



A situação pode andar intensamente perigosa, mas a “estabilidade” lhe dá a face aparente do oposto. Em toda edição jornalística é comum a presença de personalidades engajadas, incansáveis, estas, na tentativa quase súplica de nos abrir os olhos. A liberdade de expressão traz consigo a vantagem de preço incalculável do acesso direto aos nossos direitos e deveres como cidadão universal. Acordamos, dormimos, ou mesmo fazemos nossas refeições diárias conhecendo o problema da falta de ética na política do nosso país.


Mas apesar deste saber, teimamos em ignorar nossa participação ativa nessa adversidade e a lista de compromissos éticos que nós, cidadãos comuns, possuímos todos os dias de vida. Com isso, insistimos em nos manter estagnados frente à formação de opinião. Tudo me leva a crer que a principal causa do nosso ócio argumentativo seja o cansaço (físico, mental, e para os acéticos até espiritual).

Em análise, podemos observar a ramificação desse cansaço, e suas diversas características. Há, nos dias atuais, um notável cansaço histórico, que parte da crença de que nossos antepassados já conquistaram tudo o que um dia se sonhou possível, e com isso logo estamos inseridos no vazio da poética ideológica.

Um outro cansaço evidente, que afeta – estando eu certa nessa minha teoria – o nosso senso crítico, e nos faz dar preferência aos capítulos da novela do Manoel Carlos, e a última nova experiência da Sasha pelas terras do Tio Sam, à repensar e discutir reformas sociais, seria o cansaço cotidiano da contemporaneidade.

O homem contemporâneo criou uma ilusão de versatilidade quando produziu notebooks, iphones, itutes, blockberrys, bluetooths e second lifes, tudo na intenção de reinventar a comunicação e agilizá-la. No entanto ele agravou conflitos de congestionamentos no trânsito, caos urbano, doenças por ansiedade e nunca teve tão pouco tempo livre, desde a Idade Média. É perceptível que toda essa saturação no modo de vida pós-moderno nos encaminhou para estarmos a parte do interesse por valores como ética e respeito, e também pudera!

Para o descanso da mente precisamos trabalhar na recuperação da poesia e do ludismo, desacelerar esse ritmo crescente, travar essa tendência e rebobinar tudo. No sentido avesso, temos novamente que pensar em questões de importância sócio-universal e na aplicação da ÉTICA como um valor virtuoso e sem preço capital. Apenas após a colocação desta palavra, poderemos fazer o uso de outra: desenvolvimento.


Diana Lhama