sábado, 13 de julho de 2013

Manifestante ou modelo?

Eu tenho uma vaidade, claro: como jovem, como artista, como mulher. Mas eu elaboro e aplico ela em qualquer âmbito da minha vida, pessoais, menos na minha luta, porque ela é a construção e contribuição social que vou oferecer ao meu coletivo. A Luta é lugar de se fundir, de ser célula de algo muito maior que eu, do que você. É uma construção coletiva. Carregar egocentrismo para a luta, vaidade, ego inflamado de pavão exibicionista, é a maior falta de bom-senso e espírito coletivo que observei das manifestações que atingiram grande quantidade de pessoas, em junho de 2013. 
Luta não é lugar de promoção pessoal, de auto-divulgação e melhora da imagem para a aceitação social em meios supostamente engajados. Fotografias são registros de denúncia fundamentais que temos. Nesse momento histórico de difusão da produção e veiculação da informação, tudo que se registra em audiovisual é absolutamente importante para nos legitimarmos e provarmos veracidade sobre a nossa versão dos fatos, nossos relatos. Fotografias não são para serem gastas em imagens que só divulgam a si mesmo na rede social... a si e ao seu rosto jovem, branco, e de pele bem cuidada de quem não sente a repressão policial assassina e diária, o esgoto a céu aberto, as mãos castigadas por trabalho e a barriga vazia. Da próxima vez que se propor a se juntar a luta, venha, traga seu grito, seu peito, sua indignação e criatividade, seu ímpeto para somar, sua coragem para resistir e seu desapego para se integrar, mas tente deixar a vaidade em casa. 

E se trouxer a câmera fotográfica, tente usa-la para registrar algo que somará ao movimento e a nossa autonomia na comunicação, não para modelar.

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